Manejos sustentáveis estão visivelmente mais frequentes no agronegócio brasileiro, atendendo um mercado consumidor de alta exigência e preocupação com as questões ambientais que norteiam os controles integrados nas lavouras.
Atualmente, uma das maiores preocupações nas práticas agrícolas é a inclusão de práticas sustentáveis, que façam com que o sistema preserve os recursos do solo, hídricos, entre outros recursos naturais e provoquem menores danos.
A inclusão do Manejo Integrado de Pragas respeita uma questão muito valiosa dentro da agricultura sustentável: a redução ou otimização do uso de defensivos agrícolas.
MANEJO INTEGRADO – UMA QUESTÃO DE SUSTENTABILIDADE
As práticas agrícolas da atualidade, tanto para fertilidade de solos, manejos de plantio e uso de defensivos, tem acompanhado tendências sustentáveis que beneficiam de forma direta e positiva os sistemas produtivos.
O Brasil, dada a sua participação na produção mundial de grãos e sua importância no abastecimento de países que priorizam a sustentabilidade, tem investido sempre mais em pesquisas e desenvolvimento de soluções que otimizem a produção, para que se mantenha expressiva, ainda que reduzido o uso da mecanização intensiva, dos defensivos químicos e outras práticas convencionais.
DEFININDO O MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS
O MIP, por definição, é o uso de táticas de controle que, isoladas ou associadas, formam uma estratégia de manejo baseada nas análises de custo/benefício, considerando o impacto a produtores, sociedade e ambiente.
A racionalização no uso de defensivos foi o que trouxe luz ao MIP, por questões de segurança alimentar e, principalmente, na economia direta de insumos.
O MIP otimiza o controle de pragas como insetos, fungos, nematoides e plantas daninhas, fazendo com que o ambiente e a dinâmica populacional das pragas estejam em sinergia, utilizando métodos que protejam as plantas disponíveis.
O manejo em questão visa integrar diversas medidas de controle que mantenham o nível populacional de pragas abaixo do nível que provoque dano econômico. Tal prática se sustenta em três viabilidades: econômica, ambiental e ecológica.
Quais são as etapas do Manejo Integrado de Pragas
O Manejo Integrado de Pragas segue 3 etapas, sendo elas:
- A avaliação do agroecossistema
- A tomada de decisão
- A seleção dos métodos de controle a serem utilizados
A avaliação mais a tomada de decisão norteiam as estratégias de gestão para o controle de pragas nas lavouras. A seleção dos métodos de controle é o que define o sucesso do cultivo.
O manejo integra as seguintes ferramentas de controle, sendo elas:
- Produtos químicos
- Agentes biológicos (predadores – organismos que se alimentam de insetos e ácaros, parasitoides – organismos que desenvolvem no interior dos hospedeiros, e entomopatógenos – bactérias, fungos ou vírus que causam doenças nos hospedeiros)
- Variedades de plantas resistentes a pragas
- Manejo de culturas
- Feromônios
- Plantas iscas
- entre outras.
O que garante o sucesso do MIP é o planejamento e uso correto e de forma harmônica das ferramentas citadas.
Vale ressaltar ainda que o principal objetivo do manejo não é eliminar as pragas e, sim, reduzir a sua população abaixo do nível de controle.
Para conhecer melhor as etapas do MIP, vamos pela ordem cronológica com que são observadas nas lavouras.
A avaliação do agroecossistema permite conhecer os aspectos da lavoura e identificar as principais pragas potenciais causadoras de danos à cultura. Cada praga, além de suas particularidades, ocasiona prejuízos em estágios diferentes do desenvolvimento vegetativo. Além da importância do entendimento sobre as pragas, conhecer os estágios de desenvolvimento das plantas permite saber a melhor época para aplicação de cada método, especialmente sobre o controle químico que, feito de maneira racional, minimiza danos e custos de produção.
O monitoramento das lavouras (feito por amostragens da área) permite coletar as seguintes informações sobre a lavoura:
- Nível de Equilíbrio, a densidade populacional média.
- Nível de Controle, a densidade populacional que demanda por controles a fim de evitar os prejuízos.
- Nível de Dano, que se trata da menor densidade populacional do inseto capaz de ocasionar perdas econômicas.
Identificado o nível de infestação das pragas, a etapa seguinte é a tomada de decisão quanto ao controle populacional na lavoura, que averígua os aspectos econômicos e a viabilidade do controle integrado.
Níveis de danos iguais ou acima do nível de controle indicam o início do controle.
O nível de dano econômico diz sobre a densidade populacional das pragas num nível propenso a causar prejuízos à cultura e induz à adoção de medidas de controle, que contemplam:
- controle cultural – uso de práticas agrícolas que reduzem a incidência de pragas e criam condições para uma lavoura sadia, entre elas a época adequada de plantio, a correta irrigação e drenagem e a rotação de culturas.
- controle biológico – ocorre quando os inimigos naturais agem sobre as pragas, reduzindo o nível populacional. Pode ocorrer de forma natural, clássica ou aplicada.
- controle comportamental – promovido através do uso de armadilhas capazes de atrair certas pragas como pulgões, moscas brancas, entre outros insetos atraídos pelas cores amarelo e azul.
- controle genético – o surgimento de organismos geneticamente modificados permite a manipulação das variedades para seleção de cultivares resistentes.
- controle varietal – ocorre quando se utilizam plantas resistentes com recursos para controlar determinadas pragas através de resistência genética.
- controle químico – realizado através de defensivos agrícolas, que deve ser sempre orientado por técnicos a fim de evitar super ou subdosagem de produto e evitar a resistência aos princípios ativos.
- controle mecânico ou físico – se dá quando medidas específicas são empregadas, dentre elas o esmagamento de ovos, a catação manual de lagartas, alterações na temperatura ou luminosidade, inundação de áreas e formação de barreiras físicas.
VANTAGENS DO MANEJO INTEGRADO DE PRAGAS
O MIP é o método que conserva o agroecossistema o mais próximo possível do nível de equilíbrio, dada a harmonia que rege as práticas agrícolas.
Uma lavoura com reduzidos danos causados por pragas, tende a apresentar melhores índices de produtividade. Com o uso do MIP, a racionalização do uso de defensivos, permite ainda uma melhor rentabilidade do sistema produtivo.
Um dos principais entraves da maior disseminação do manejo integrado é a falta de mão de obra apta a aplicar em campo.
Tanto o treinamento dos colaboradores quanto a aplicação correta dos manejos podem ser realizados por meio de assessorias técnicas especializadas em monitorar de perto as dinâmicas de produção das lavouras e propriedades rurais.